domingo, 20 de maio de 2012

Platão defendia a "Teoria dos Dois Mundos"


         
Em que consiste a “Teoria dos dois mundos” defendida por Platão?


         Platão (428/7-348/7 a.C.) é marcado em toda a História da Filosofia como sendo um grande propagador das ideias de seu mestre, o também filósofo Sócrates (470/469-399 a.C.).

          Essa teoria dos dois mundos defendida por Platão era um mundo sensível (das representações) e mundo inteligível (das ideias) ou mundo das ideias.  
          A primeira parte é o mundo dos sentidos, do qual não podemos ter senão um conhecimento aproximado ou imperfeito, já que para tanto fazemos uso de nossos cinco aproximados e imperfeitos sentidos. Neste mundo dos sentidos, tudo flui e, consequentemente, nada é para sempre. Nada é no mundo dos sentidos; nele, as coisas simplesmente aparecem e desaparecem. 
          A outra parte é o mundo das ideias, do qual podemos chegar a ter um conhecimento seguro, se para tanto fizermos uso de nossa razão. Este mundo das ideias não pode, portanto, ser conhecido através dos sentidos. Em compensação, as ideias ou formas são eternas e imutáveis.

          O período da vida filosófica de Platão em que aconteceu esta descoberta do inteligível, e consequentemente, a sua relação com o sensível, é conhecido pelo nome de Segunda Navegação. Trata-se do abandono de Platão em relação aos estudos unicamente voltados aos sentidos e às coisas.

       Segundo ele é no mundo das ideias é que moram os seres totais e perfeitos: a justiça, a bondade, a coragem, a sabedoria, etc. Fora do mundo das ideias, tudo o que captamos através dos nossos sentidos possui apenas uma parte do ser ideal. O mundo sensível, portanto, é um mundo de seres incompletos e imperfeitos.

          Portanto para Platão, o ser eterno e universal habita o mundo da luz racional, da essência e da realidade pura. E os seres individuais e mutáveis moram no mundo das sombras e sensações, das aparências e ilusões. 

          A sua obra literária, constituída de diálogos, tem Sócrates como o personagem principal, sempre envolvido em discussões com os mais diversos tipos de pessoas da Grécia. Deste modo, fica difícil estabelecer um ponto onde termina o pensamento socrático e onde se inicia o pensamento de Platão.                  Porém, no momento em que Platão inicia sua discussão sobre a noção de ideia, como essência da coisa em si, independente do intelecto e de todas as outras coisas, o seu pensamento começa a tomar ares de algo  próprio. 
          Platão inicia com este estudo, um método de pesquisa de característica matemática, colocando um princípio e aceitando aquilo que está de acordo com ele, rejeitando o que está em desacordo com este mesmo principio. Segundo Sócrates, esta é uma “ação de geômetra”, que propõe hipóteses das quais se extrai  as consequências lógicas. 
          A “Idéia” para Platão não representa um simples conceito ou uma mera  representação mental. Ela representa uma causa de natureza não-física, uma realidade inteligível, ou seja, representa aquilo que o pensamento mostra quando está livre do sensível, constituindo o chamado “verdadeiro ser”. Um outro termo usado por Platão para representar esta sua noção de Ideia é Paradigma, ou seja, a Idéia é um modelo permanente de cada coisa (como cada coisa deve ser). Todas as Idéias existem “em si” e “por si”, ou seja, não estão relacionadas a nenhum sujeito particular, nem podem ser moldadas à vontade de ninguém  especificamente. Esta característica permite compreender que  as Ideias não podem ser mais do que realmente são. 
          Isto quer dizer que elas se mantêm sempre da mesma maneira, puras, imóveis e impossíveis de se tornarem outra coisa. Por exemplo, a ideia de “Belo em Si” não pode sob hipótese alguma se tornar feia. Para que algo seja considerado feio, deve estar incluído apenas na Ideia de “feiúra”. As Ideias habitam uma esfera própria, mantendo suas características de unidade, pureza e imobilidade. Mas elas se manifestam em um outro plano, no das coisas sensíveis, ou seja, no nosso mundo. A partir de então, tem-se uma dualidade de mundos na filosofia de Platão no que diz respeito às coisas que existem e  que podem ser conhecidas.


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